quarta-feira, março 30, 2011

Coisas da minha terra

Ponto 1) No página do Facebook da Câmara da Covilhã anuncia-se uma exposição sobre as árvores e demais vegetação autóctone da Serra da Estrela. Quem não conheça esta gente, até pode pensar que há aqui um genuíno amor à árvore.

Não se pode promover acções de amor à árvore às segundas, terças e quartas e, nos restantes dias da semana, destruí-las com o dinheiro dos contribuintes. Foi o que aconteceu, uma vez mais, no corrente ano, com a atribuição a uma empresa de construção civil, dos trabalhos de manutenção das árvores ornamentais da cidade.

Atribuir a uma empresa de construção civil o trabalho de cuidar das árvores das nossas ruas, é como por um pirómano a vigiar uma floresta! Não se pense que o caso da Covilhã é caso único, longe disso, infelizmente.

Claro que a autarquia serrana pode sempre alegar que agiu no sentido de defender os superiores interesses de todos nós que pagamos impostos, adjudicando essa empreitada à empresa que apresentou a proposta menos onerosa para os cofres municipais.

Claro que a poupança, como nos mostram os tempos que vivemos, deveria ser sempre uma preocupação dos organismos do Estado. Mas coloquemos a questão nos seguintes moldes: se uma empresa de arboricultura concorresse à empreitada para construção de uma estrada, seria a escolhida desde que apresentasse o valor mais baixo? Se não, por que motivo se aceita e se acha normal que quem percebe de demolições e terraplanagens possa podar uma árvore?!


Ponto 2) Na mesma página de Facebook da Câmara da Covilhã refere-se a dada altura.

"Os Espaços Verdes no meio urbano e o seu aspecto reflectem, de certa forma, a mentalidade de cada região. Estes espaços não se limitam a ser elementos meramente decorativos, pois para além de serem locais de descanso e lazer desempenham também diversas funções de extrema importância que sem nos apercebermos fazem parte da vida do Homem.
O facto da cidade da Covilhã ter como pano de fundo a Serra da Estrela, com o crescimento da cidade a paisagem natural que a envolve não é suficiente, é necessário “levar” até à cidade essa paisagem natural. O objectivo é a paisagem envolvente penetrar na cidade de modo contínuo, assumindo diversas formas e funções. Neste contexto a aplicação nos jardins de espécies que dominam na vegetação natural da Serra da Estrela, são essenciais para a formação do “continuun naturale”, como para a constituição da vegetação integrada na estrutura verde urbana."

Sei, de há 5 anos a esta parte, a Câmara da Covilhã planeia um Jardim Botânico com espécies autóctones da Estrela, para o Parque Alexandre Aibéo, na zona mais elevada da cidade.

A ideia é boa e só perca por tardia. Não me verão, como é óbvio, a opor-me a um projecto deste tipo. No entanto, não se confunda a árvore com a floresta.

Criar um espaço verde com espécies autóctones da Serra da Estrela não chega, por si só, para criar a tal continuidade de que fala a publicidade camarária. Seria preciso que houvesse verdadeiros corredores verdes na cidade e que, em todos esses espaços verdes, houvesse uma representatividade da flora nativa.

Foquemos, por exemplo, a nossa atenção nos espaços verdes criados, nos últimos anos, ao abrigo dos programas Polis, na cidade. Têm sido plantados carvalhos? Sim...americanos!

sábado, março 26, 2011

Um significativo passo em frente

O Sobreiro - Pintura da autoria do Rei D. Carlos (1905)

Conheça os motivos que levaram Rui Barreiro, Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, a assinar e a divulgar a petição em favor da classificação do sobreiro como Árvore Nacional de Portugal.

quinta-feira, março 24, 2011

Rolagem de árvores na auto-estrada




Na área de serviço de Leiria, na A1, de ambos os lados da auto-estrada. Porque a sombra incomoda quem manda...

(Fotografia de João Vaz.)

quinta-feira, março 10, 2011

quarta-feira, março 09, 2011

17 valores

Castanheiros-da-índia (Dublin)

Um conjunto de estudantes de Arquitectura Paisagista acaba de concluir que os castanheiros-da-índia, plantados numa avenida de Aveiro, podem representar um perigo para as pessoas, por causa dos seus frutos. Não sei o que os assustou nestes castanheiros, se foram os espinhos do seu fruto globoso ou se foi o peso das suas sementes, semelhantes (em aspecto e dimensões) aos frutos dos nossos castanheiros.

Sei, isso sim, que tal é absurdo. Como aberrante me parece, muito sinceramente, dar 17 valores a tais conclusões! E se a estes futuros arquitectos fosse dada a possibilidade de estudar os perigos associados às inúmeras araucárias, existentes nos espaços urbanos de Aveiro? Por certo que, dado o peso que as suas pinhas podem atingir, as mandariam abater de seguida. Provavelmente, seriam até agraciados com 20 valores!

Claro que nada disto invalida que se tenha que estudar a escolha das espécies a utilizar nas arborizações urbanas. Claro que nada disto invalida que certas espécies não acarretem incómodos ou mesmo perigos. Mas também é preciso ter consciência que, num país que tem tanta dificuldade em conviver com as árvores, não há uma espécie perfeita, ou seja, quem não gosta de árvores encontrará sempre motivos para a sua ira.

P.S. - Em Dublin, existem centenas de castanheiros-da-índia monumentais. Curiosamente, não vi ninguém, nas ruas ou em parques, protegido por capacetes!