terça-feira, dezembro 30, 2008

Um elogio

As minhas palavras poucas vezes têm sido de elogio para a Câmara Municipal da Covilhã ou para a "Águas da Covilhã, EM". Por muitos motivos mas, sobretudo, por questões relacionadas com a manutenção das árvores ornamentais da cidade.

Há aproximadamente um mês, escrevi mesmo um texto onde manifestava a minha apreensão pelo que poderia acontecer este ano, em face da abertura de um concurso público para a poda de árvores no concelho da Covilhã. Temia, como escrevi na altura, que o factor "preço" voltasse a ser determinante, em detrimento da competência técnica, e que a poda de muitas árvores voltasse a ficar nas mãos de quem não tem técnicos com competência creditada para o fazer.

Enganei-me! E, por isso, felicito quem tomou a decisão de entregar a poda a uma empresa de créditos firmados no domínio da arboricultura e, mais em concreto, da manutenção de árvores ornamentais.

Claro que continuarão a existir, neste e em futuros anos, aberrações no que concerne à poda de árvores na cidade. Muitas árvores situam-se em terrenos particulares e, mesmo das que se situam em espaço público, em muitos casos a responsabilidade recai nas juntas de freguesia.

De igual modo, não se pode esperar desta empresa que faça milagres e consiga corrigir, ou sequer disfarçar, erros que tenham sido previamente cometidos em muitas árvores do concelho. Pode-se esperar, isso sim, que nos casos concretos em que esta empresa actue haverá intervenções correctas, do ponto de vista técnico, e que as intervenções mais profundas, como as de redução de copa, serão feitas apenas nos casos onde tal seja estritamente necessário.

Como prova do que atrás referi, publico duas fotografias de algumas árvores onde esta empresa já actuou, situadas na Zona Industrial do Canhoso.

Muitas pessoas dirão que, estas árvores, nem parece terem sido podadas...Eu diria que o segredo está precisamente aí!









Parabéns a quem decidiu, por uma vez, a favor das árvores e de todos nós. Obrigado e esperemos que esta preocupação tenha continuidade no futuro.



P.S. - Para que se compreenda o contraste na qualidade da intervenção, entre técnicos especializados em arboricultura e outros que nada percebem da manutenção de árvores, concluo com a imagem de dois tocos resultantes de um ataque de "podite" aguda, na mesma zona industrial.




segunda-feira, dezembro 29, 2008

E os vencedores são...

Ulmeiro (Ulmus minor Miller) de Pareja (Guadalajara, Espanha) premiado com o prémio para a "árvore mais bem cuidada/protegida" de toda a Espanha - Ao contrário do que sucedeu com o ulmeiro de San Vicente, em Ávila, uma pronta intervenção das autoridades locais permitiu salvá-lo dos efeitos da grafiose. [Fotografia elmundo.es]


No seguimento desta notícia de Outubro passado, a ONG espanhola Bosques sin Fronteras, que coordena o projecto Árboles Leyendas Vivas, acaba de anunciar os vencedores dos prémios "Árvore e Bosque do Ano", no país vizinho.

Conheçam os vencedores desta louvável iniciativa, apoiada pelo ministério do Ambiente espanhol, através da notícia do elmundo.es.


domingo, dezembro 28, 2008

A azinheira "La Terrona"

Imagem retirada do blogue "La Crónica Verde"

A azinheira "La Terrona", situada na localidade de Zarza de Montánchez (província de Cáceres, Espanha) é uma das maiores no mundo, sobretudo ao nível da grossura do tronco.
Está classificada como Árbol Singular pela Junta de Extremadura. (Nota: Em Espanha não existe uma lei nacional de protecção das árvores monumentais, ao contrário do acontece em Portugal com o Decreto-Lei n.º 28468/38, de 15 de Fevereiro. Deste modo, existem "figuras de protecção", de nível regional, em certas autonomias, como é o caso da Extremadura).

Na obra "Árboles, Leyendas Vivas" a sua autora, Susana Domínguez Lerena, fornece os seguintes valores para esta azinheira:

Altura = 16 metros
Diâmetro máximo da copa = 25,5 metros
P.A.P. = 7,80 metros

Esta magnífica árvore, verdadeiro monumento vivo, tem uma idade estimada de 800 a 900 anos, sendo mais antiga que a própria povoação nas imediações da qual se situa.

A referência a esta árvore surge na sequência de uma notícia do blogue "La Crónica Verde", sobre uma intervenção que a mesma sofreu recentemente, coordenada pelo botânico Bernabé Moya, e que consistiu na colocação de 15 estruturas metálicas para suporte dos respectivos ramos.
Após a queda de um dos seus ramos principais, há cerca de 10 anos, Bernabé Moya passou a acompanhar regularmente, e de forma detalhada, a evolução da saúde desta azinheira. Foi desta forma que, recentemente, se concluiu que a mesma corria o risco de colapsar, incapaz de suster o peso da própria copa.

Foram ponderadas várias hipóteses de intervenção tendo-se optado, na opinião deste botânico, pelo melhor método possível face ao referido diagnóstico.


Esta situação, como não poderia deixar de ser, avivou-me a memória acerca do destino do nosso sobreiro de Pai Anes. Até quando iremos a tempo de garantir que este sobreiro continuará, tal como esta azinheira espanhola, a maravilhar as gerações futuras?



sábado, dezembro 27, 2008

Subitamente, a neve num Sábado de manhã...

Pseudotsuga [Pseudotsuga menziesii (Mirb.) Franco], Covilhã - 2008/12/27


Mais um livro, na nossa língua, sobre plantas lenhosas


Foi lançado, no passado dia 16 de Dezembro, a obra "Árvores e Arbustos em Portugal" de autoria do arquitecto paisagista José Marques Moreira.

É mais uma obra editada em Portugal este ano, após o "Guia de Campo - As Árvores e os Arbustos de Portugal Continental" (da colecção "Árvores e Florestas de Portugal" do jornal "Público"), sobre a temática da árvore no nosso país.

A obra do arquitecto José Marques Moreira é editada pela Argumentum, com o ISBN 978-972-8479-59-6, e com um PVP (aproximado) de 50 euros.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Acabar com uma tradição injusta

Abeto (Abies sp.) centenário, com mais de 30 m de altura, procedente das florestas austríacas - Praça de S. Pedro (Cidade do Vaticano) - fotografia retirada do blogue "La Crónica Verde".


Poderá uma época que celebra um nascimento, com tanto significado espiritual para milhões de pessoas em todo o mundo, justificar a morte de um gigante das florestas?

Terá esta tradição, de todos os anos colocar um gigante das florestas na Praça de S. Pedro, algum significado religioso e espiritual relevante para os católicos de todo o mundo? Será assim um costume tão antigo e arreigado nas convicções espirituais de todos os católicos, que dele não se possa prescindir sem causar alguma espécie de comoção?


Sim, bem sei que é fácil criticar, por tudo e por nada, o Vaticano. Sim, bem sei que é "apenas" uma árvore.

Bom, permitam-me discordar, mas não é apenas uma árvore!... Trata-se de uma tradição, no Vaticano como noutras partes do mundo, que todos os anos promove a destruição dos melhores exemplares das florestas. Aqueles que deveriam ser, pelo contrário, preservados e protegidos para que, entre outros motivos, o seu fabuloso património genético pudesse ser perpetuado e transmitido ao maior número de possíveis descendentes.

Acresce que, neste particular, o Vaticano tem uma obrigação e responsabilidade moral e ética superior à de outras entidades.

Não posso compreender que a celebração de um nascimento, ainda que seja o de Jesus Cristo, possa justificar a morte de uma árvore.
Será isto um fundamentalismo? Claro que sim, trata-se do fundamentalismo do amor, do amor por todas as criaturas de Deus, incluindo as árvores.

Quem salva uma árvore é como se salvasse uma floresta inteira...


quarta-feira, dezembro 24, 2008

Cada um de nós deveria ter a(s) sua(s) árvore(s) de Natal

Alameda de ulmeiros (Ulmus minor Miller)* - Guarda

* Espécie referida em certa literatura como Ulmus procera Salisb.


Começo por pedir desculpa mas, por diversos motivos, não me tem sido possível manter uma actualização mais regular do blogue.
Conto, a seguir a esta época festiva, actualizar a "sombra verde" mais regularmente. No entanto, confesso que me será difícil manter, de futuro, uma actualização diária do mesmo, esperando conseguir estabilizar nos 3 a 4 textos por semana.

Este facto, não se deve a nenhum cansaço da "blogosfera" mas apenas a uma gestão pessoal do meu tempo, uma vez que uma actualização diária impõe uma dependência face ao blogue, o que neste momento se revela incompatível com a minha vida pessoal e profissional.

Por outro lado, o novo ano verá nascer novos e aliciantes projectos relacionados com as árvores, nos quais estou envolvido. Peço a vossa compreensão para que aguardem mais umas semanas até poder revelar mais pormenores sobre estes projectos.
Este é também o motivo pelo qual ainda não publiquei as imagens de algumas árvores fabulosas que, juntamente com o Miguel Rodrigues, fotografei no Verão passado.


Termino com os votos de Boas-festas para todos os que seguem as minhas aventuras na "sombra verde".

Apesar de sabermos que se avizinha uma época difícil para as árvores ornamentais, com as tradicionais "podas camarárias" que, todos os anos, mutilam centenas de exemplares por todo o país, tenhamos a esperança num futuro mais respeitador do papel das árvores nas cidades. Entre outros, este é também um dos meus desejos de Natal...


P.S. - A escolha da fotografia que acompanha este texto não foi feita ao acaso. Representa os ulmeiros que associo aos natais da minha infância. Espero, sinceramente, que todos possam ter este tipo de recordações de uma ou mais árvores da sua infância...Feliz Natal!


domingo, dezembro 21, 2008

Começar o ano a plantar árvores

Covilhã, Serra da Estrela (Outono 2008)


Sementeira e plantação de árvores autóctones na Mata do Desterro (Parque Natural da Serra da Estrela) - Uma iniciativa do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), em Seia.

Notícia via O Cântaro Zangado.


P.S. - As últimas semanas têm registado um menor ritmo de publicação de textos, por motivos de ordem profissional. Conto retomar, após o Natal, um ritmo mais assíduo de actualização do blogue. Obrigado.

domingo, dezembro 14, 2008

Remorsos...

Ulmeiro (Ulmus sp.) e Igreja de San Vicente (Ávila, Espanha) - Agosto de 2005


Podia ter falado dele um milhão de vezes, mas não o fiz...Lamento-o agora que o sei morto às mãos da grafiose.

Morreu o ulmeiro de San Vicente, em Ávila.

Ulmeiro (Ulmus sp.) e Igreja de San Vicente (Ávila, Espanha) - Agosto de 2005

Nota: Este ulmeiro (Ulmus sp.) fazia parte do "Catálogo de Especímenes Vegetales de Singular Relevancia" da região de Castela e Leão (Espanha).


sexta-feira, dezembro 05, 2008

Inverno

Plantação de árvores em Monchique

Os "Amigos do Botânico" solicitam a divulgação da seguinte iniciativa:

Plantação de árvores (sessão extraordinária)

A plantação de árvores (pinheiros mansos e alfarrobeiras) tem avançado no Covão d'Águia, Monchique, graças à participação de voluntários. No entanto, a Fundação Kangyur Rinpoche necessita de realizar uma sessão extraordinária que decorrerá nos dias 6, 7 e 8 de Dezembro. Apelamos mais uma vez à participação. Os interessados devem contactar Dulce Alcobia através do Telemóvel 968059244 (até 6ª feira) ou do e-mail: dulcealcobia@gmail.com (até 5ª feira).

Programa:

- Abertura de covas 40 x 40;

- Plantação das árvores;

- Controlo de acácias;

- Limpeza de um tanque de rega.

Deslocações: De modo a que as deslocações de carro sejam do ponto de vista económico e ecológico o mais bem sucedidas, pede-se a quem tenha lugares no carro ou precise de boleia o diga de modo a gerirmos da melhor forma, a logística dos transportes.

Alojamento: Existe a possibilidade de ficar no "Abrigo da Montanha"(na estrada da Fóia); o custo do quarto para duas pessoas é de 15 euros/pessoa (sem pequeno almoço) e com pequeno almoço são mais 5 euros. Existe ainda a possibilidade de ficar na "Bica Boa" e em Karuna.

Recomendações: É aconselhável levar roupas velhas, galochas e umas boas luvas de jardinagem para proteger as mãos; podem trazer tesouras de poda ou outros equipamentos que julguem adequados para este conjunto de actividades.


Fundação Kangyur Rinpoche

Av. Infante Santo, nº 366 R/c Esq.

1350-182 Lisboa

Tel: 213 904 022

terça-feira, dezembro 02, 2008

Os sobreiros do Tortosendo - Artigo de opinião no "Diário XXI"

A edição de ontem do "DiárioXXI", dia 1 de Dezembro, publica um artigo de opinião de minha autoria, sobre a situação das duas obras, em terrenos com sobreiros, na freguesia do Tortosendo (Covilhã).

Este artigo resume o meu pensamento sobre as duas situações, quer a da Zona Industrial do Tortosendo, quer a do Bairro do Cabeço.

O referido texto reúne com conjunto de questões, que considero pertinentes, sobre os contornos de ambas as situações.
Reforço que apenas me limito a colocar algumas dúvidas e que me abstenho de fazer acusações à Câmara Municipal da Covilhã (CMC). A menos que se entenda que fazer perguntas é o mesmo que fazer acusações!

A única afirmação "mais polémica" é quando me refiro à continuação das obras, no caso do Bairro do Cabeço, após o auto da GNR. No entanto, foi o próprio presidente da autarquia quem, em declarações ao "DiárioXXI" de 24 de Novembro, referiu: "(...)Eu quero lá saber da Autoridade Florestal Nacional, eu quero saber daquilo que vejo e daquilo que vêem as pessoas que lá estão com bom senso, afirmou. Agora um indivíduo qualquer que está não sei onde vem dizer-me que uma ramagem de geração espontânea, porque o vento projectou as sementes, pode contar [como sobreiro]. Conte lá o que quiser, disse, garantindo que as obras irão continuar e que os sobreiros adultos serão mantidos".


Segue o referido artigo de opinião de minha autoria:

" A necessidade deste artigo surge no seguimento de dois comunicados emitidos pela "Quercus - Associação Nacional da Conservação da Natureza", a propósito das intenções da Câmara Municipal da Covilhã (CMC) face a dois terrenos com sobreiros, espécie protegida pelo Decreto-lei n.º 169/2001, localizados na freguesia do Tortosendo.

A “Quercus”, apelidada pelo Presidente da CMC como um “negócio” e como tendo posições “reaccionárias”, não é formada por um bando de malfeitores. Estamos a falar de uma das mais antigas associações ambientalistas portugueses que, em 1992, recebeu o Prémio Global 500 das Nações Unidas e o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique, atribuído pelo Senhor Presidente da República, Dr. Mário Soares.

Desconheço, e caso esteja equivocado agradecia a correcção, qualquer condenação desta associação em tribunal, por qualquer caso de gestão danosa ou de opinião produzida por algum dos seus dirigentes.
Gostaria de declarar que nunca fui, não sou e nunca serei colaborador, sócio ou dirigente da "Quercus". Igualmente, não possuo familiares, amigos ou simples conhecidos como membros desta associação de defesa do ambiente. De igual modo, é nula a minha ligação a qualquer partido político ou de qualquer familiar residente neste concelho.

Mas sou natural da Covilhã e eleitor neste concelho. E como a CMC insiste em não responder à dita associação, faço minhas as respectivas perguntas, com a esperança de receber uma resposta clara e inequivocamente esclarecedora por parte dos responsáveis camarários.

Assim sendo, a uma câmara municipal, estrutura pertencente à orgânica do Estado e dirigida pelos que foram eleitos democraticamente pelos cidadãos portugueses, não se pede muito. Pede-se, no mínimo, o essencial: que cumpra e faça cumprir as leis da República. Não se pede que goste ou concorde com as mesmas.

Um executivo camarário tem, como uma das suas obrigações, responder a todas as questões suscitadas pelos cidadãos do seu concelho, quer seja através dos membros da assembleia municipal, por interpelação directa dos cidadãos ou, indirectamente, através dos órgãos de comunicação social.

Eu sei que às vezes é "aborrecido" ter que dar explicações e que é mais fácil apelidar de "reaccionária" a atitude de quem se limita, no uso dos seus legítimos direitos constitucionais, a questionar o poder autárquico.
A uma Câmara pede-se um mínimo de humildade democrática e que nunca esqueça que os que a dirigem são simples funcionários do Estado que, de forma transitória e de acordo com a vontade das urnas, têm como principal função representar o povo.

Deste modo e relativamente às obras num terreno na zona do Bairro do Cabeço, gostaria que a Câmara Municipal me esclarecesse nos seguintes pontos:

- A CMC sabe que decorre ainda um recurso que visa anular a decisão do secretário de Estado da Administração Local, a qual permitiu à Câmara expropriar o terreno. Desta forma, pelo menos no plano das hipóteses, o terreno pode reverter à posse dos antigos proprietários. Desta forma, considera a CMC legítimo que se esteja a proceder a obras que estão a alterar irremediavelmente a estrutura do dito terreno?
Dito de outra forma: caso os anteriores proprietários vençam o referido recurso e outros que possam existir e recuperem a posse do referido terreno, poderá a CMC garantir em absoluto que não terá que pagar nenhuma indemnização aos mesmos, com recurso ao dinheiro dos contribuintes, por alteração definitiva das características desse terreno?

- Com que base jurídica justifica a CMC a continuação das obras no local, após ter sido levantado um Auto de Notícia por contra-ordenação, emitido pela GNR, por abate de diversos sobreiros jovens, sabendo a CMC que a continuação das referidas obras pode implicar o abate de outros exemplares jovens e a danificação irreversível do sistema radicular dos exemplares adultos?

- Neste ponto, coloco duas questões para outras tantas instituições: sabendo da continuação das obras no local, qual será a atitude da GNR face ao avanço das mesmas? Sabendo do referido abate de sobreiros e sabendo que a CMC não tem autorização para tal, qual será a atitude da Autoridade Florestal Nacional?


Temos depois as intenções da CMC face a um terreno com 83,9 hectares, maioritariamente integrados na Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN) e nos quais existe um povoamento de 3 000 sobreiros. A justificação da CMC tem oscilado entre a necessidade de ampliar a Zona Industrial do Tortosendo (ZIT) e a necessidade de encontrar um terreno para a instalação de um projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN).

Assim sendo, surgem algumas questões:

- Como duvido que existe um único projecto industrial que necessite de uma área de 84 hectares, de quantas intenções de investimento estamos a falar? São investimentos garantidos ou meras intenções de possíveis investimentos futuros?

- Qual o motivo pelo qual não se utilizam os terrenos que o actual Plano Director Municipal do Concelho define como de “uso industrial”, precavendo uma possível ampliação da ZIT?

- Foram estudadas outras alternativas de localização para estes investimentos, nomeadamente para o referido projecto PIN? Se sim, está a CMC em condições de tornar públicos esses estudos?

- E, por último, está a CMC em condições de provar a falsidade da notícia do “Diário XXI” de 13 de Outubro último, que referia ter a CMC solicitado ao Núcleo Florestal de Castelo Branco a autorização para cortar estes sobreiros?

- E, para finalizar, sendo verdade o referido no “Diário XXI” de 13 de Outubro último, qual foi a sustentação jurídica da CMC para pedir o abate de sobreiros num terreno que não é de sua propriedade?

Atente-se que, em nenhum ponto deste texto, dirijo qualquer acusação à CMC ou ao seu Presidente. Limito-me a colocar várias questões, como cidadão eleitor deste concelho, as quais considero de particular importância para o futuro da Covilhã".


Pedro Nuno Teixeira Santos



segunda-feira, dezembro 01, 2008

De novo, a "época da estupidez"

Se a cada Verão que começa temo pelas árvores que morrerão queimadas, a cada Inverno temo pelas que cairão às mãos de podas incompetentes.

Chamo "época da estupidez" a esta fase do ano em que assistimos à mutilação de árvores que levaram dezenas de anos a crescer, às mãos de pessoas sem a mínima credencial técnica para este tipo de intervenção.

Fui informado, há alguns dias, da abertura de um concurso público para a poda de árvores ornamentais no concelho da Covilhã.

Como é evidente, temo o pior! E porquê? Porque suponho que o factor decisivo, no referido concurso, volte a ser o "factor preço".
Foi desta forma que o anterior concurso público, neste concelho, foi ganho por uma empresa local do sector das obras públicas! O resultado desastroso ficou à vista de todos...

Receio, pelos motivos expostos, que o mesmo se volte a repetir e que a poda de dezenas de árvores volte a ficar nas mãos de pessoas que nada percebem de arboricultura e de manutenção de árvores ornamentais.

O "factor preço" apenas pode ser levado em linha de consideração quando se comparam as propostas de duas ou mais empresas de igual grau de competência técnica. Ou será que, por hipótese, se uma empresa de arboricultura concorresse à construção de uma estrada ganharia o respectivo concurso público, caso apresentasse a proposta mais barata?

Deste modo, onde aparentemente existem boas medidas de poupança dos dinheiros públicos por parte das câmaras municipais, existem decisões danosas a médio e longo prazo.
Estas árvores, podadas de forma radical e incorrecta, irão ter uma longevidade menor e, desta forma, terão que ser substituídas por novos exemplares pagos, como é evidente, com o dinheiro de todos nós.
Acresce que as árvores podadas de forma desajustada, devido a ficarem mais fragilizadas e sujeitas a doenças, podem cair com maior facilidade sobre a via pública podendo, deste modo, dar origem a graves acidentes.

A cada novo Inverno, assistimos como o dinheiro dos contribuintes portugueses é colocado ao serviço da destruição do património arbóreo dos diversos municípios.

Mas a destruição das árvores na Covilhã já começou como atestam as duas imagens que se seguem, captadas no recinto do monumento a Nossa Senhora da Conceição.

À entrada do dito espaço pede-se "respeito". E ele, de facto, parece existir: não se observa lixo de espécie alguma e, aparentemente, qualquer acto de destruição. Puro engano... As árvores são a única coisa que não é digna desse mesmo tratamento de respeito.
Efectivamente, a única excepção, o único acto de vandalismo cometido em todo o recinto foi para com algumas tílias.

Desconheço qual o "pecado" que as condenou ao presente martírio! Não serão as árvores filhas de Deus?






Termino com a imagem de outras tílias existentes no mesmo recinto e que não sofreram a mesma humilhação. Para que se tenha um termo de comparação da asneira cometida por quem, de árvores e de amor, nada percebe!