sexta-feira, agosto 31, 2007

Se ainda forem a tempo!....

Encosta invadida por mimosas (Acacia dealbata Link.) - Covilhã

O Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra organiza hoje um Dia Aberto sobre Espécies de Plantas Invasoras em Portugal.

Para saber mais sobre plantas invasoras no nosso país "clicar" aqui.


Peço desculpa pela informação tardia mas, se estiverem pelos arredores da Serra do Açor, dêem lá um salto que por certo irá valer a pena.

O carvalho da Senhora dos Verdes (Manteigas)

Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) - Manteigas

Este carvalho-alvarinho ou roble (Quercus robur L.) situa-se na vila de Manteigas, mais concretamente no lugar da Senhora dos Verdes.

Apresenta hoje, lamentavelmente, um aspecto decrépito, para o qual não conheço a justificação. É que em 1984, data da edição do Árvores Monumentais de Portugal de Ernesto Goes, era considerado um dos melhores exemplares conhecidos no nosso país, estando à altura classificado como árvore de interesse público (estatuto que entretanto perdeu).

Possuía à data da edição da referida obra, as seguintes dimensões:

Altura = 24 m
Perímetro do tronco à altura do peito (P.A.P.) = 4,68 m
Diâmetro de copa = 28 m


Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) - Manteigas

É uma pena vê-lo hoje assim, lutando pela vida, amputado da sua monumentalidade.

Numa bomba de gasolina próxima a este local, existe uma imagem antiga, ainda a preto e branco, que o retrata no seu auge (pleno de vigor vegetativo).

Como é óbvio, agradecia que alguém de Manteigas pudesse acrescentar mais algum pormenor sobre esta árvore, nomeadamente sobre as possíveis causas que, em pouco mais de 20 anos, o conduziram à presente situação.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Venha deixar algo de si à Serra da Estrela

Folhas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.)


Teve início a 29 de Agosto, a segunda época da Campanha “Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela”, iniciativa dinamizada pela Associação dos Amigos da Serra da Estrela.

As premissas desta campanha são bem simples e visam ajudar a reflorestar parte do Parque Natural da Serra da Estrela, nomeadamente algumas das zonas que pertencem à bacia hidrográfica do Alto Zêzere, com vista a tentar diminuir os efeitos da erosão gerados em parte pelo grande incêndio de Agosto de 2005.

Trata-se de algo essencial, por vários motivos, mas em particular para garantir na origem a qualidade da água deste rio que fornece uma parte muito significativa dos portugueses (incluindo os que residem na Área Metropolitana de Lisboa) e garantir a preservação ambiental e paisagística desta zona e, em particular, do Vale Glaciar do Zêzere.

Recorde-se que este incêndio veio, de alguma forma, refrear o entusiasmo de todos aqueles que acreditavam e trabalhavam para uma candidatura deste vale a Património Mundial da Humanidade. No entanto, tal não pode constituir motivo de descrença no futuro e por certo que um trabalho meticuloso e persistente, poderá vir a fazer com que esse objectivo seja de novo possível.

A campanha “Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela” baseia-se num princípio muito simples, ou seja, a de que todos, através do voluntariado, podem ajudar a reflorestar esta Área Protegida. Desta forma, quando a campanha surgiu no ano transacto, solicitou-se a todos os interessados que procedessem à recolha das sementes (bolotas) da espécie arbórea mais característica das florestas autóctones da Serra da Estrela – o carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.); ou que, posteriormente, colaborassem na respectiva plantação.

Este apelo foi particularmente dirigido às escolas, como forma de contribuir para a educação ambiental dos jovens portugueses, ajudando a fomentar nos mais novos o amor e a ligação à floresta.

Deste modo, houve mais de 1500 participantes e várias dezenas de escolas envolvidas. O entusiasmo gerado à volta desta iniciativa foi tal que acabou por arrastar não apenas participantes a nível individual e escolas, como várias outras entidades (Escuteiros, Associações de Ambiente e de Montanha, Sapadores Florestais, Associações de Agricultores e de Produtores Florestais) e, inclusivamente, organismos do Estado, como o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) ou a Força Aérea Portuguesa.

Apesar de ter sido o ano de arranque desta iniciativa, o que motivou que a mesma tivesse que ser previamente divulgada, tendo até que ultrapassar outras dificuldades como a escassez de sementes, no total (entre bolotas e árvores oferecidas pelo PNSE), foram plantadas perto de 50 000 plantas.

Para este ano os objectivos são mais ambiciosos e pretende-se ultrapassar os números alcançados no ano anterior, diversificando ainda o leque de espécies a plantar (embora todas elas autóctones da Serra da Estrela e características dos solos/altitude/clima a que vão ser plantadas). O rigor que se pretende é máximo, existindo inclusivamente o cuidado de delimitar as zonas de recolha das sementes, como forma de garantir que caso existam características genéticas específicas das árvores da região, as mesmas não sejam adulteradas com a introdução de sementes e plantas de outras zonas.

Ao nível da logística tudo está planeado ao pormenor, para orientar os que queiram proceder à recolha das sementes ou para os que, pelo contrário, prefiram participar na subsequente fase da plantação das mesmas. Foi inclusivamente conseguido para o presente ano, o apoio de uma grande superfície comercial que através do seu sistema de refrigeração irá garantir a conservação em condições ideais das sementes até ao momento da plantação.

O que fica a faltar é apenas a participação no presente ano de ainda mais jovens e escolas. Porque se é verdade que a iniciativa está aberta a todos, dos 8 aos 80, a verdade é que uma parte importante deste programa é ajudar a criar nos mais novos uma imagem diferente da floresta e da própria Serra da Estrela. Afinal esta é muito mais do que a neve e a imagem de tantos plásticos abandonados que muitos levam como única recordação da sua passagem pela mais alta das nossas serras.

Eu sou professor e sei por isso que é no início de Setembro que se planeiam as actividades a desenvolver ao longo do ano lectivo. Sei bem das dificuldades que sentimos para, muitas vezes, criarmos projectos que se adaptem a algumas das áreas curriculares ou mesmo que se enquadrem de forma interdisciplinar nos projectos curriculares de turma. Ora aqui está uma iniciativa que, entre outros aspectos, permite desenvolver várias competências, educar para a cidadania e ainda aumentar o conhecimento dos jovens sobre aspectos da flora da Serra da Estrela. O entusiasmo dos que participaram no ano passado deveria ser o suficiente para cativar outros a repetir a experiência. E depois, que melhor actividade do que permitir às crianças plantar com as suas próprias mãos uma bolota ou uma planta, para desenvolver nelas o amor pela floresta?

Por outro lado, em resultado desta campanha, o seu principal rosto, José Maria Saraiva, recebeu no passado dia 27 de Julho, o Prémio Nacional de Ambiente 2006/2007 atribuído pela Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, que comprova os méritos, o rigor e o impacto desta iniciativa na sociedade portuguesa.

Esta distinção foi, infelizmente, ignorada por grande parte dos órgãos de comunicação social, que só se interessam pela floresta quando a vêm ser devorada pelas chamas. Não que o José Maria Saraiva necessite desse tipo de exposição mediática, mas essa divulgação do prémio seria uma forma de prestar homenagem a todos aqueles que se empenharam e deram algum do seu tempo a esta iniciativa, bem como ajudar a fomentar uma maior participação futura.

Alguns poderão argumentar que a sociedade civil está a fazer o papel que compete ao Estado. Não discordo. Mas eu prefiro ver antes os sinais de mudança duma sociedade civil que já não se limita a esperar pelo Estado central e que ela própria é capaz de produzir iniciativas de qualidade que, como neste caso, acabam por arrastar organismos do próprio Estado.

Outros poderão argumentar ainda que a floresta portuguesa sofre de inúmeros e complexos problemas e que não são iniciativas isoladas como esta, ainda que bem intencionadas, que os irão resolver. Esta campanha não pretende resolver (todos) os problemas da floresta nacional ou mesmo os do Parque Natural da Serra da Estrela. Visa, isso sim, dar visibilidade a esta problemática, em particular a que se refere aos problemas da erosão causados pelos inúmeros incêndios que afectam a Serra da Estrela, ajudando a criar laços duradouros entre os que aqui vêm dar um pouco do seu tempo e esforço e esta Área Protegida. Só se pode amar o que se conhece e, como disse o José Maria Saraiva, todos os que participaram deixaram algo de si na Serra da Estrela.

Venha pois deixar algo de si à Serra da Estrela, algo de positivo.

Silly season VII

Nunca quis falar sobre a construção da barragem no Vale das Cortes (freguesia das Cortes do Meio, Covilhã, PN da Serra da Estrela), por vários motivos.

Em primeiro lugar, porque previamente à decisão de se construir uma estrutura deste género deveriam ser feitos estudos que quantificassem os desperdícios de água, nomeadamente nos sistemas de distribuição. E depois sim, após feita essa análise, deveria ser tornado público o estudo que provasse à exaustão a imperiosa necessidade de construir a barragem e outro que justificasse a escolha daquele local e os motivos porque se preteriram outras localizações.

Depois porque considero que o José do Cântaro Zangado já teve oportunidade (aqui, aqui e, mais recentemente, aqui) de dissecar na perfeição o assunto, em particular no que concerne às omissões do resumo não-técnico do respectivo estudo de impacto ambiental.

Acontece que, através de uma notícia do Jornal do Fundão, acessível através do Blog Cortes do Meio, o ex-vice presidente da Câmara Municipal da Covilhã e ex-administrador dos Serviços Municipalizados da Covilhã, Alçada Rosa, teve ocasião de manifestar as suas reservas quanto à localização do paredão da barragem. "Durante oito a dez anos vamos ver naquele vale, uma das áreas mais bonitas da serra, um monte de terra e pedras francamente feio”, enquanto “a zona debaixo não tinha esse inconveniente".

A esta observação, vinda de quem conhecerá como poucos este processo, respondeu fonte autárquica ao Jornal do Fundão da seguinte forma:"Quando vamos ao barbeiro também ficamos com o cabelo todo no ar e só no fim saímos penteadinhos"!!

Sim, leram bem. Uma fonte da Câmara Municipal da Covilhã comparou o acto de esventrar um dos mais bonitos vales do Parque Natural da Serra da Estrela ao acto de cortar o cabelo! Se isto não é o grau zero da política, devemos andar muito perto...

quarta-feira, agosto 29, 2007

As araucárias de Vila do Conde

Araucária [Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco] - Largo Vasco da Gama (Vila do Conde)

A araucária-de-norfolk [Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco] será na actualidade uma das espécies arbóreas ornamentais com melhores e mais bem conservados exemplares, ao nível dos núcleos urbanos do litoral português (desde o Algarve até ao litoral norte).

Em muitos desses casos, elas serão mesmo uma das imagens de marca dentro do casco urbano, como é o caso de Vila do Conde.


Araucária [Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco] - Largo Vasco da Gama (Vila do Conde)

Estas duas araucárias situam-se no Largo Vasco da Gama, perto da câmara municipal e da igreja matriz. São dois exemplares visíveis de grande parte da cidade e que, por certo, daqui a uns anos poderão vir a fazer parte da lista das árvores classificadas do nosso país.

P.S. - Fica aqui a ligação para a imagem de satélite através do Google Maps.

terça-feira, agosto 28, 2007

Silly season VI - De volta à nossa triste realidade

Penhas da Saúde, Covilhã [Imagem retirada deste texto do Cântaro Zangado]

A imagem anterior mostra o "bairro de génese ilegal" das Penhas da Saúde. Estas são palavras do Sr. presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, neste vídeo que eu convido todos a ver e a ouvir.

São oito minutos (mais um segundo vídeo de quatro minutos*), mas que valem bem a pena ser escutados com atenção pois ilustram na perfeição o nível a que chegou a política neste país.

Mas vamos por partes...Nos referidos vídeos o Sr. presidente tece as seguintes considerações:

1º) "Estou muito identificado com o objectivo das pessoas que têm aqui a sua casa ou que aqui vêm passar férias, que é um objectivo muito positivo, muito compreensível, muito legítimo, muito legítimo (...)"

De forma resumida a história é a que se segue. O agora promovido a "aldeamento" das Penhas da Saúde é um bairro de origem ilegal. Há uns anos, um conjunto de pessoas da Covilhã, achou-se no direito de construir casas (?) de férias no dito espaço.
Sublinhe-se que, ao contrário de muitos outros bairros de génese ilegal espalhados por esse país, o que aqui se construiu não foram casas de primeira habitação mas sim de férias. E este é um aspecto que não pode ser escamoteado.

Como diz o Sr. presidente esse poderá até ser um "objectivo muito compreensível", mas nunca poderá ser "positivo" e, muito menos, "legítimo". Repare-se que chegámos ao ponto de um representante do Estado de Direito afirmar que é "muito legítimo" (e di-lo duas vezes) que um conjunto de pessoas se outorgue o direito de fazer casas de férias onde muito bem lhe apetece!


Assim sendo, lanço o "convite público" a todas as pessoas deste país para que se desloquem ao concelho da Covilhã onde poderão edificar a sua casa de férias. Aconselha-se vivamente que optem pelo território incluído no Parque Natural da Serra da Estrela.
Irão encontrar por parte da Câmara da Covilhã toda a compreensão necessária e, inclusivamente, o desejo de gastar dinheiro dos contribuintes portugueses para depois construir e melhorar as infra-estruturas necessárias.

Parvos são todos aqueles que ao longo destes anos não foram lá acima fazer a sua casinha. Aliás, parvos são todos aqueles que neste país ainda cumprem as leis da República!

Mas há mais...

2º) De seguida, afirma o Sr. presidente: "Este aldeamento nasceu por razões que têm a ver com este princípio fundamental que todos temos o direito à Natureza. A Natureza em primeiro lugar é para as pessoas, é para os seres humanos, se pudermos criar um ambiente de Natureza em que a conviavilidade (?!) com (a) boa gestão ambiental seja possível tanto melhor. Mas as coisas são o que são e este aldeamento nasceu como nasceu e eu sou um profundo defensor de que em primeiro lugar tudo aquilo que é a história deste lugar tem que ser preservada e conservada".

Esta parte deveria ser de fácil percepção; ou seja, é precisamente porque todos temos o direito à Natureza, que alguns não podem ter esse "outro direito" de fazer casas onde muito bem lhes apetece. Ou não será assim, Sr. Presidente?
De seguida, ficámos todos a saber que para a actual maioria camarária da Covilhã, seria tanto melhor que pudesse existir um bom convívio (ou será conviavilidade?!) entre o suposto progresso e a boa gestão ambiental. Mas se não puder ser, paciência! As coisas são o que são!

O que é importante é perpetuar e tornar definitivo este atropelo às mais elementares leis que regem o ordenamento do território.
E não é que eu sou tão ingénuo que até pensava que seria obrigação de um executivo camarário fazer cumprir essas mesmas leis!

3º) E, para terminar, diz-nos o Sr. presidente. "Tenho passado horas, eu e os meus colegas da vereação, a discutir com o Parque Natural (...) porque há uns senhores que acham que defender a Natureza é expulsar as pessoas, é dar apenas lugar(... )aos animaizinhos selvagens que estão em primeiro lugar do que as pessoas ..."


Não, Sr. presidente. A função do Parque Natural da Serra da Estrela é a mesma da Câmara Municipal da Covilhã, ou seja, embora em planos e com competências diferentes, é fazer aplicar as directivas de ordenamento do território e da conservação da Natureza (definidas em leis e na própria constituição do nosso país). Isto já para não mencionar os compromissos internacionais a que Portugal se comprometeu em matéria de preservação dessas chatices das plantinhas e dos bichinhos.

Pretender desautorizar o Parque Natural, com tentativas de ridicularizar os que defendem o lado da lei (como essa inenarrável passagem do discurso onde se refere aos "animaizinhos..."), apenas serve para enfraquecer a própria Câmara.

Porque este é o "pormenor" que o Sr. presidente não compreende, aliás como também não compreendeu o Sr. presidente da Câmara de Viseu quando veio com a história de "correr com os fiscais à pedrada". É que sempre que os autarcas põem em causa a autoridade de um organismo do Estado estão a por a sua própria autoridade democrática em causa. Porque o Estado é só um e todos deveríamos ser iguais perante as leis desse mesmo Estado. Não perceber isto é não querer perceber o óbvio.

Felizmente, tivemos no passado um Secretário de Estado do Ambiente chamado Carlos Pimenta, que teve a coragem de não permitir que esta história se replicasse na Nave de Santo António.

Para terminar, e porque sou da Covilhã, de forma humilde convidava o Sr. Presidente da Câmara da minha terra a deslocar-se às Astúrias para poder ver, com os seus próprios olhos, o que são aldeias de montanha; e como é possível, para todas as pessoas que assim o desejem, passar férias na montanha em convívio com a Natureza em resultado da tal boa gestão ambiental.
E que tal não significa "expulsar as pessoas" ou colocar os "animaizinhos selvagens em primeiro lugar", mas que significa tão somente que quando se cumprem as mais elementares regras de um turismo sustentável é possível assegurar, como o Sr. presidente disse e bem, que todos temos acesso a esse princípio fundamental do direito à Natureza.

"A Natureza em primeiro lugar é para as pessoas". Não, Sr. presidente! O ser humano faz parte da Natureza e só pode sobreviver e progredir com ela. Já vai sendo tempo de aprendermos isso.


* Os vídeos foram originalmente publicados no blogue O Suplente e posteriormente divulgados pela Máfia da Cova.


quarta-feira, agosto 22, 2007

Ambiente de trabalho

Parque Nacional da Peneda-Gerês (vista a partir da Pousada de S. Bento), Agosto de 2007

Ausente até à próxima terça-feira algures nas Astúrias. Até já.


O magnífico carvalho de Aldeias


Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) - Aldeias (Gouveia)

A sua presença domina à distância. Mesmo nunca tendo ido a Aldeias (pequena povoação na encosta da Serra da Estrela a escassos quilómetros de Gouveia), é fácil adivinhá-lo. A sua copa gigante marca o perfil da aldeia e quase que engole a igreja. Não restam dúvidas, só pode ser aquele...


No Árvores Monumentais de Portugal, Ernesto Goes refere-se a este carvalho-alvarinho ou roble (Quercus robur L.) como o de maior volume de copa de todos os que se conhecem no nosso país.

Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) - Aldeias (Gouveia)


À data da edição da citada obra (1984) este carvalho possuía 21 m de altura; 4,70 m de perímetro à altura do peito e um diâmetro de copa de 30 m (Ernesto Goes não refere se este é um valor médio ou se é o valor máximo).


O carvalho de Calvos, que pertence à mesma espécie, possui um diâmetro médio de copa de 40 m mas, devido à sua idade e ao facto de já lhe ter sido amputado um dos ramos principais, apresenta uma copa muito menos compacta do que este carvalho de Aldeias.



Passados mais de 20 anos sobre as medições a que se refere Ernesto Goes na sua obra, não poderemos afirmar com toda a certeza que este carvalho de Aldeias seja ainda o de maior volume de copa existente em Portugal.

Mas será, com toda a certeza, um dos melhores exemplares conhecidas desta espécie no nosso país.


Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) - Aldeias (Gouveia)


Assim, e por tudo o que atrás se escreve, é com espanto que se verifica que este tesouro do nosso património arbóreo ainda está por classificar. Se ninguém da terra toma essa iniciativa irei tomá-la eu!...

"População de Cantar Galo contesta corte de árvores" - adenda

O Francisco Paiva do Obrar fez-me chegar uma ligação, através do serviço on-line do Diário das Beiras, para a referida notícia do Jornal do Fundão.

A este propósito, e em adição ao que escrevi ontem, queria voltar a sublinhar 3 aspectos:

- Elogiei o presidente da junta de freguesia de Cantar Galo pela iniciativa do "referendo à população" e concordo com ele quanto à melhor solução, embora não pelos mesmos motivos. Ele está preocupado com os lugares para estacionar carros e eu penso que isso se resolve à priori quando se planeia o crescimento de uma urbe e se aprovam novas construções. Remendar as coisas à posteriori, fazendo-o à custa de sacrificar árvores é errado.
O facto de eu concordar com ele quanto à necessidade de substituir aquelas árvores prende-se exclusivamente com o facto de estarmos a falar de exemplares que foram mal podados, tendo na maioria dos casos sido reduzidos a cepos com copas disformes. E, por acreditar que caso não sejam substituídas por árvores de menor porte, irão continuar a sofrer este tratamento.

- Através da correcta análise por parte de especialistas em arboricultura pode-se chegar à conclusão de que é possível salvar algumas árvores, por terem sido menos podadas e por possuírem o espaço suficiente para crescer. Por exemplo, junto à curva da Lanofabril existe um plátano-bastardo de boa dimensão (o mais alto da cidade) e que penso que deveria ser salvo, só para dar um exemplo.
Quero sublinhar que a escolha de espécies de menor porte deverá ser feita precisamente para evitar posteriores "podas camarárias", que deixarão de ter qualquer tipo de justificação (não que alguma vez a tenham tido!);

- Como escrevi ontem, abater árvores nunca será uma boa solução. Esta deveria pesar na consciência de todos aqueles que, com o dinheiro dos contribuintes, têm como hábito destruir as árvores das cidades à lei da moto-serra, demonstrando o quanto este país ainda terá que evoluir na forma como encara e respeita as árvores.

terça-feira, agosto 21, 2007

"População de Cantar Galo contesta corte de árvores"

Estrada Covilhã-Cantar Galo

"População de Cantar Galo contesta corte de árvores". Este era um dos títulos de primeira página da última edição (n.º 3183 de 16 de Agosto) do Jornal do Fundão.

Como no formato on line a notícia está disponível apenas para assinantes do referido jornal, vou tentar resumi-la.

O asfaltamento da estrada que liga a Covilhã à freguesia de Cantar Galo poderá implicar o corte das árvores que ladeiam a referida via. Deste modo, o presidente da junta de freguesia de Cantar Galo, José Carrola, decidiu distribuir um impresso pelos habitantes da freguesia, do qual constavam as seguintes questões:

- Concorda com a manutenção das árvores existentes?
- Concorda com o derrube total das árvores e a substituição por outras de menor porte?
- Concorda com o derrube de algumas árvores que prejudicam o estacionamento e espaços confinantes?

Ainda de acordo com a referida notícia, terão já respondido 233 pessoas das quais 161 defenderam a manutenção das árvores existentes. De referir que o presidente da junta defende a opção de substituir as árvores existentes por outras de menor porte.


Estrada Covilhã-Cantar Galo

Esta notícia é muito interessante e merece da minha parte as seguintes considerações:

- em primeiro lugar, registo com agrado o facto do Jornal do Fundão ter dado destaque de primeira página a uma notícia que envolve a gestão do património arbóreo.

- Felicito o presidente da junta de freguesia
de Cantar Galo, José Carrola, pela iniciativa de perguntar aos eleitores a sua opinião sobre esta questão; se não é uma atitude inédita entre os autarcas portugueses será, no mínimo, extremamente rara...infelizmente!

- De seguida, e ao contrário do que a maioria dos leitores habituais deste blogue poderá pensar, acontece que concordo com a opinião do presidente relativamente à necessidade de proceder à substituição destas árvores por outras de menor porte (só não sei é se será pelos mesmos motivos).

- A verdade é que, ao contrário de outras situações que aqui frequentemente denuncio na própria cidade da Covilhã (ver um desses exemplos aqui), neste caso estamos perante árvores que já foram excessivamente podadas (como se pode constatar pelas fotografias). Desta situação resulta o facto de estas árvores estarem deformadas (com copas mal formadas) reduzindo em muito a área de ensombramento que deveriam propiciar em condições normais.
Estas podas mal executadas, para além dos nefastos efeitos no plano estético, debilitam a saúde das árvores, levando à formação de ramos mais frágeis (que mais facilmente podem ser arrancados em situações de temporal) e diminuindo em muito a longevidade das mesmas.

- Acresce que devido à forma como a freguesia tem crescido ao longo desta via, com passeios minúsculos, casas feitas "em cima da estrada" e fios de electricidade e de telefone por todo o lado, apesar das árvores já terem sido radicalmente podadas, muitas delas estão a interferir com algumas destas estruturas.

- Insistir na poda radical não é solução. Neste caso é preferível optar por árvores de menor porte e, de futuro, no caso de ser necessária alguma intervenção nas mesmas, deverá assegurar-se que a mesma seja feita por empresas especializadas e não pelos habituais "aprendizes de feiticeiro" que tudo resolvem à lei da moto-serra.

- Por último, apesar de estarmos a falar de árvores amputadas por sucessivas podas mal executadas, não é de ânimo leve que se abatem dezenas de plátanos e de choupos. E aqui é preciso sublinhar duas questões:

1º) De uma vez por todas, as autarquias (sejam câmaras municipais ou juntas de freguesia) têm que entregar a gestão do seu património arbóreo a técnicos e empresas especializadas. E sobretudo é preciso prevenir este tipo de situações para depois não ter que as remediar.
Que é como quem diz, é na hora em que se escolhe o tipo de árvore (e o número de exemplares) a plantar que se evitam este tipo de situações. De uma vez por todas não podemos escolher as árvores que vamos plantar ao acaso, mas de acordo com o espaço que estas terão para crescer.

Logo, e queria que isto ficasse bem claro, cortar aquelas dezenas de plátanos e de choupos não será uma boa solução; será apenas a possível dentro das circunstâncias que foram criadas...e que deveriam ter sido prevenidas.

2º) Depois será necessário explicar de forma honesta às pessoas, caso se opte por esta solução, quais foram os motivos técnicos que levaram à decisão de não manter as árvores (que até parece ser a opção maioritária da população local).
É que as pessoas que, de um modo geral, ao longo de toda a sua vida sempre viram as árvores a ser podadas desta forma, acabam por considerá-las como "normais" e, inclusivamente, como "necessárias" e "benéficas". É pois fundamental explicar-lhes que o erro consiste precisamente em não saber planear a plantação das árvores e na forma como depois se tenta corrigir o mesmo com as "podas camarárias".

Seria muito mau para a relação de confiança que deve existir num regime democrático entre eleitos e eleitores que esta situação não fosse bem elucidada, tanto mais que ao decidir fazer um questionário à população, o presidente da junta criou a expectativa de que esta terá um papel na decisão final.
Este caso poderá pois ser exemplar pelos melhores ou pelos piores motivos, dependendo da forma como, daqui em diante, os responsáveis políticos o souberem conduzir.


P.S- Ontem recebi um e-mail do Tiago do Cântaro Zangado, no qual me dava conta de que tinha inquirido a Câmara de Oeiras acerca do abate de 5 choupos. Os serviços camarários responderam ao Tiago, fundamentaram tecnicamente os motivos pelos quais iriam proceder a esse abate e as medidas que iriam tomar para minimizar essa acção.

Este tipo de situações cria um certo optimismo de que por vezes vale a pena protestar junto de quem manda e, sobretudo, que as câmaras se começam a sentir mais vigiadas pelos cidadãos no que concerne à forma como estas gerem os espaços verdes municipais.
Mas a sociedade não pode ser ingénua, a questão que hoje se coloca já não é simplesmente a de que as câmaras têm que plantar mais árvores mas, sobretudo, que têm que saber gerir com profissionalismo o seu património arbóreo.

segunda-feira, agosto 20, 2007

O Jardim do Lago (II)

Há cerca de um ano atrás, tive oportunidade de escrever um texto a elogiar o Jardim do Lago na Covilhã.

No entanto, tal como então tive ocasião de escrever, um número considerável de árvores estava a secar, situação que, passado um ano, se acentuou.




Tal facto transmite uma imagem de desleixo a quem o visita e impede o desenvolvimento de sombras que convidem a uma maior fruição daquele espaço. Considero que é algo desprestigiante para a cidade e para os responsáveis autárquicos, mas que também afecta negativamente a imagem do trabalho desenvolvido pelo arquitecto paisagista responsável pela obra (Luís Cabral).

Deste modo, seria pedir muito que no próximo Outono (período mais adequado à plantação de árvores no nosso país) se procedesse à substituição das mesmas?



E, louvando o esforço que a Câmara tem feito na preservação de muitas oliveiras, não seria já tempo de se optar por outras espécies? As oliveiras, tal como outras espécies, precisamente por não atingirem um porte da dimensão de um plátano ou de uma tília, poderiam ser mais utilizadas em arruamentos onde não abunda o espaço para o crescimento de árvores.

Mas num parque como este onde não existem entraves ao crescimento das árvores, não se deveria privilegiar os espécimes de grande porte, que dado o desenvolvimento da respectiva copa proporcionam uma maior área de ensombramento?



Já nem chego ao ponto de pedir que se plante um maior número de árvores autóctones; afinal de contas, na mentalidade de muitos, tal ainda é visto como a manifestação de uma certa parolice...bonito é o que vem lá de fora!

P.S. - Note-se que não embarco em fundamentalismos; estou a pedir que se plantem mais árvores autóctones, nomeadamente as que são características da Serra da Estrela, e não que se plantem apenas árvores autóctones.

domingo, agosto 19, 2007

Postais de Braga II (As tílias "requalificadas")

Largo Monte d'Arcos (Braga) - Inverno

Largo Monte d'Arcos (Braga) - Verão


Largo Monte d'Arcos (Braga) - Verão


Em Portugal requalificar acarreta sempre a destruição de algo. Este exemplo, igual a tantos outros que tenho denunciado, é daqueles para os quais me é mais difícil encontrar explicação.

Aparentemente, as tílias não interferiam com a iluminação pública, com qualquer fio e, como é visível nas imagens, os prédios estão longe do centro da praça.

Pelo contrário, a sombra era decerto bem vinda para os que aí procuravam abrigo do calor ou simplesmente descanso.

Mas a verdade é que as árvores estorvam sempre alguém; reparem, em particular na última foto, como a pouca sombra projectada no chão é a dos ramos e do tronco pois as copas das árvores desapareceram vítimas de requalificação.

sábado, agosto 18, 2007

Postais de Braga I (Lembrando o Sul...)

Laranjeiras (Citrus sp.) na Praça Mouzinho de Albuquerque (Campo Novo)


Sobreiros (Quercus suber L.) na subida do Bom Jesus

sexta-feira, agosto 17, 2007

A sequóia do Sabugal

Sequóia-gigante [Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Buchh.] - Sabugal (vista a partir do castelo)

Há poucas árvores que nos façam suster a respiração de espanto...acreditem, esta é uma delas! É absolutamente colossal e, se a puderem visitar um destes dias, irão ver que não estou a exagerar.

Trata-se de uma
sequóia-gigante [Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Buchh.] que fica situada na vila do Sabugal (distrito da Guarda), num belo recanto verde entre o museu local e o rio Côa.
Desta sequóia já falava Ernesto Goes no Árvores Monumentais de Portugal, mencionando para ela uma altura de 30 m e um perímetro à altura do peito (P.A.P.) de 5,65 m [é bom recordar que a publicação deste livro data de 1984].

É uma árvore que merecia estar classificada como sendo de interesse público e figurar obrigatoriamente dos roteiros de visita de todos os amantes de árvores.


Sequóia-gigante [Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Buchh.] - Sabugal

A esta espécie pertence aquela que é, porventura, a mais famosa de todas as sequóias, o General Sherman. Esta sequóia californiana tem 84 m de altura para uma idade estimada de mais de 2000 anos.
No entanto, se pensarmos que esta sequóia do Sabugal terá pouco mais do que 100 anos* teremos que admitir que são medidas impressionantes para um exemplar ainda jovem (considerando a longevidade desta espécie).

* É uma estimativa que faço tendo em conta existir em Trancoso um outro exemplar desta espécie com um valor de PAP semelhante e que se sabe ter sido plantado em 1896. Na cidade da Guarda existem mais de 50 exemplares classificados desta espécie, no Parque do ex-Sanatório Sousa Martins, e que devem também ter sido plantados em finais do século XIX/princípios do século XX.

Sequóia-gigante [Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Buchh.] - Sabugal

Nota: A sequóia existente na Covilhã (de que falei aqui e aqui) pertence a outra espécie [Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.], à qual pertencem as actuais recordistas em altura de entre todas as árvores do planeta (a mais alta das quais deverá ser um exemplar designado por Hyperion, situado no Redwood National Park na Califórnia, e que possui uns inimagináveis 115 m de altura).

quinta-feira, agosto 16, 2007

3º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima - Parte III

Metamorfose


Lixo - A Arte é Evitá-lo


Hiperbolização

Silly season V

Escola Básica do 1º Ciclo do Rodrigo - Covilhã

Quando escrevi este texto sobre o crime perpetrado contra as tílias desta escola, o José já me tinha alertado para a colocação de uma lona no recreio da mesma.

Suponho que a lona tenha como objectivo dar sombra...e é aqui que está o "silly" da questão!


Há cerca de 25 anos, quando aí estudei, tal não era necessário pois a sombra era dada pelas tílias plantadas no recreio. Na altura ninguém se sentia incomodado pela beleza e pela sombra dessas duas grandes árvores.

Os tempos mudam, já se sabe e, entretanto, do alto da sua sapiência alguém achou por bem requalificar as ditas tílias transformando-as em dois cepos a que me recuso chamar "árvores"; por todo o Bairro do Rodrigo se procedeu a igual massacre tendo-se transformado dezenas de tílias adultas num museu dos horrores pós-moderno.

Sombra de árvores é coisa do passado; chique é ter ar condicionado ou, na falta de dinheiro, uma lona!

quarta-feira, agosto 15, 2007

3º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima - Parte II

O Homem que Plantava Árvores

Jardim de Cartão

Era uma casa

Como o Lixo Entra no Jardim

Continua ...

Silly season IV

A edição de hoje do Diário XXI traz uma notícia onde relata que o director da Volta a Portugal em Bicicleta, Joaquim Gomes, "acusou ontem as associações de defesa ambiental da Serra da Estrela de procurarem protagonismo, com as recomendações feitas a propósito da passagem da caravana".

Leram bem, a Plataforma pelo Desenvolvimento Sustentável da Serra da Estrela (PDSSE) fez um conjunto de recomendações (e não "críticas", muito menos à organização), mas a sensibilidade de quem dirige a Volta é tal que se sentiram ofendidos, pelo simples facto de se pedir que as pessoas não abandonassem o lixo ou fizessem fogueiras.


É que, curiosamente, grande parte dos conselhos era dirigida, não à organização, mas a quem assiste à Volta. Apesar do "incómodo" destes conselhos aparentemente desnecessários, foi perceptível a quem ontem assistiu à etapa via televisão, a inscrição do nome de ciclistas nas rochas que ladeavam a estrada (isto só para dar um exemplo).

Pelas palavras do Sr. Joaquim Gomes quase que poderíamos concluir que após a passagem da caravana da Volta, a Serra da Estrela fica mais limpa. Algo que poderá ser verificado quando, no próximo Sábado (18), um grupo de voluntários se juntar na Torre para apanhar o lixo abandonado pelos "outros".

Não se trata de "crucificar" a Volta a Portugal que, com toda a certeza, terá um impacto menor na produção de resíduos quando comparada com o global das visitas turísticas à Serra da Estrela. Mas não se venha também acusar aqueles que amam a Serra e que apanham com as suas próprias mãos muito do lixo que aqui é abandonado, de andarem à procura de protagonismo.

Convém lembrar ao Sr. Joaquim Gomes que da PDSSE fazem parte instituições como a Liga para a Protecção da Natureza, a Quercus ou a Associação dos Amigos da Serra da Estrela, com anos de trabalho na defesa do nosso país e que não necessitam da Volta a Portugal em Bicicleta, ou de qualquer outro tipo de acontecimento desportivo, para se auto-promoverem. Falamos de associações sem fins lucrativos das quais fazem parte pessoas que lutam, sem com isso obterem benefícios pessoais, pela defesa do nosso país do qual o Sr. Joaquim Gomes também faz parte.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Carvalho de Calvos (revisitado)

Carvalho de Calvos (Quercus robur L.)

O carvalho-alvarinho (Quercus robur L.) de Calvos (Póvoa de Lanhoso) é uma daquelas árvores que nos enche a alma. Foi a terceira vez que a visitei mas o sentimento de descoberta foi semelhante ao da primeira.

Podemos culpar as condições de luz, a máquina fotográfica, a nossa falta de jeito para fotografar mas a verdade é só uma...a sua monumentalidade extravasa o espaço de uma fotografia.


Carvalho de Calvos (Quercus robur L.)

Possui uma idade estimada de 500 anos, tantos como os do castanheiro de Guilhafonso, e está classificado como árvore de interesse público desde 1997.

O ramo que lhe foi cortado (ver fotografia anterior) para conter um cancro não foi totalmente eficaz na contenção da doença, estando programada nova intervenção. Apesar disso, a primeira intervenção permitiu à árvore recuperar o vigor vegetativo.

Na base do tronco existe uma cavidade de origem natural mas que foi utilizada durante muitos anos para depósito de lixo, o que poderá ter contribuído para o desenvolvimento de uma humidade no interior da mesma.


Carvalho de Calvos (Quercus robur L.)

Os números deste carvalho esmagam-nos, a começar pelos seus 5 séculos de idade.

Altura = 23 m
Diâmetro médio da copa = 40 m
Perímetro à altura do peito = 7,3 m


Adjacente a este exemplar, fica um outro carvalho-alvarinho (ver foto abaixo), bem mais jovem, mas pleno de vigor vegetativo e já com uma altura impressionante, podendo vir a ser dentro de algumas décadas um outro gigante a venerar.


Quercus robur L.

Por último, uma palavra de elogio para aqueles que idealizaram e concretizaram este espaço de fruição com a Natureza partindo da preservação de uma árvore. Sonho com o dia em que estes espaços não sejam notícia no nosso país por serem uma excepção.

Neste endereço
fica um conjunto de imagens e informações sobre alguns dos mais antigos e maiores carvalhos (Quercus sp.) da Europa. Uma lista da qual merecia fazer parte o nosso carvalho de Calvos.

sábado, agosto 11, 2007

O poeta que não temeu amar uma montanha

Serra da Estrela (vista a partir da Portela de Alpedrinha, N18 Fundão-C. Branco)

"Na verdade, todas as vezes que a visitei, olhei e perscrutei, a ver se conseguia entendê-la, andei sempre à roda, à roda, e sempre à roda da mesma força polarizadora: - a Estrela.
Como aquelas divindades ciosas, que não consentem adoração a mais nenhum poder, só fascinado por ela o peregrino é capaz de caminhar e perceber (…) do seu trono de majestade a esfinge de pedra exige a atenção inteira. Alta, imensa, enigmática, a sua presença física é logo uma obsessão…Mas a Estrela não divide: concentra
”.

Miguel Torga (Portugal)

A mais fotografada

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.) - Santuário de Fátima (junto à Capela das Aparições)

É Ernesto Goes quem o escreve no Árvores Monumentais de Portugal: "Esta azinheira deve ser hoje a mais conhecida e fotografada do Mundo".
Ainda de acordo com a citada obra, esta árvore será "(...) a Azinheira Grande, onde os pastorinhos, debaixo da sua copa, aguardavam a aparição de Nossa Senhora, sobre uma azinheira próxima..."

Independentemente das convicções pessoais de cada um, esta azinheira (Quercus rotundifolia Lam.) apresenta um elevado valor cultural, histórico e paisagístico, factores que estiveram na base da sua classificação como árvore de interesse público. Possui uma idade aproximada de 100 anos e as seguintes dimensões: perímetro na base (4 m); diâmetro médio da copa (17,9 m) e altura (13,5 m).

sexta-feira, agosto 10, 2007

Os ciprestes e o mosteiro...










...ou como as árvores, quando criteriosamente escolhidas e plantadas, não diminuem ou ofuscam o impacto de uma obra arquitectónica, antes acentuam a sua grandiosidade.

As estrelas deste texto são o Mosteiro da Batalha e os ciprestes (Cupressus sempervirens L.) dos seus jardins.